RACIONAIS MC

"Esse lugar é um pesadelo periféricoFica no pico numérico da população.De dia a pivetada a caminho da escolaEnquanto a noite os mano decola na farinha...Na pedra... usando droga de monte..." (Racionais MC's


Transporte precário, moradias em condições ruins - risco de desabamento, falta de saneamento, bairros inseguros, superpovoados, desassistidos pelos governos, com moradores com pouco ou nenhum acesso à saúde e educação de qualidade, miséria. Sem a atenção dos governantes essas populações ficam entregues aos "donos da favela": policiais violentos, traficantes, ladrões. Os meninos servem como "aviões", as meninas se expõem a prostituição ou experimentam a gravidez precoce. Além de tudo, compõem o quadro fatores étnicos que envolvem a locação dessas pessoas em áreas pouco privilegiadas da cidade. De forma evidente, além de pobres, formam um grande contigente não-branco, acirrando a tensão e a insatisfação nesses meios, decorrentes dos conflitos de identidade.O contexto urbano acima, embora nos pareça dolorosamente familiar, não é uma descrição da Região Metropolitana do Salvador ou de qualquer grande cidade brasileira dos anos 90. É do Bronx, bairro de Nova York - EUA, no final dos anos 60. Sobre isso, comenta Tricia Rose:Importantes mudanças pós-industriais na economia, como o acesso à moradia, a demografia e as redes de comunicação, foram cruciais para a formação das condições que alimentaram a cultura híbrida e o teor sócio-político das canções e músicas do Hip-Hop.
Os guetos da Nova York dos anos 60/70 foram o local do surgimento de contingentes juvenis não-brancos reunindo-se para falar, cantar, desenhar e dançar suas criações a partir dos resíduos tecnológicos da cidade e de suas experiências de vida. O espaço de reunião era a rua. Daí também falar-se em "cultura de rua" sobre o acervo do Hip-Hop.

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